O papel do Assessor de Investimento (AAI) no Brasil passou por uma metamorfose considerável ao longo dos anos, especialmente após ações de popularização por parte de grandes instituições financeiras como a XP Investimentos.
O que antes era visto como um cargo de prestígio no setor financeiro tornou-se uma posição cada vez mais comum e menos valorizada, um reflexo não apenas das estratégias de mercado, mas também das mudanças na percepção e na realidade econômica dos profissionais envolvidos.
Confira nossa análise neste artigo.
A transformação do papel do Assessor de Investimento (AAI) no Brasil revela as consequências de uma estratégia de crescimento focada predominantemente em escalabilidade e lucratividade imediata, em detrimento da qualidade e sustentabilidade do serviço oferecido.
A simplificação dos requisitos para se tornar um AAI não apenas democratizou o acesso à profissão, como também acarretou uma banalização que afetou profundamente a percepção de seu valor e a qualidade dos serviços prestados.
A popularização dos AAIs foi intensamente impulsionada por grandes corretoras, especialmente a XP Investimentos, que viam na expansão do número de profissionais uma maneira de aumentar sua base de clientes e, por consequência, seu volume de negócios.
Isso foi feito através de incentivos para que gerentes de bancos se convertessem em assessores independentes, trazendo consigo carteiras de clientes dos bancos tradicionais.
Com essa abordagem, o número de assessores cresceu exponencialmente, mas sem uma correspondente ênfase na qualidade do treinamento ou na profundidade do conhecimento em planejamento financeiro.
A proliferação de AAIs resultou em uma deterioração percebida da ética profissional e da qualidade do aconselhamento.
Muitos desses novos profissionais, atraídos pela promessa de altos ganhos, focavam predominantemente em produtos que maximizassem suas comissões, independentemente de serem os mais adequados para os clientes.
Essa abordagem resultou em conflitos de interesse significativos, onde o bem-estar financeiro do cliente frequentemente ficava em segundo plano.
Um exemplo prático dessa dinâmica pode ser observado no caso de um cliente que procurou assessoria para diversificar suas economias.
Ao invés de receber um plano de investimento que refletisse suas necessidades de longo prazo e seu projeto de vida, foi-lhe recomendado um conjunto de produtos financeiros de alta rotatividade e risco, que geravam comissões substanciais para o assessor.
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